Ontem foi o Dia do Poeta
O dia de quem vive com poesia
Não fiz nenhum poema
Foi esta minha heresia
Hoje escrevo aqui
Para brindar que não sorri
Envelheci um dia
O poema que não pari
Ontem celebrado
Hoje recordado
Amanhã pensado
E todo dia
No coração fincado
De amor e dor suados
Choro, rio
Sinto, reflito
É o cerne que quase jaz
Ofício puro, franco, loquaz
É letrar o sentimento
É sentir o duro pranto
Cardíaco fomento
Borra a tinta, brota encanto
Poesia é todo dia
É sentí-la ao nosso lado
É esquecer odes torpes
Para estar ensimesmado
Contemplar mil horizontes
Regurgitar-se é a meta
É sorrir calado
É chorar sozinho
É quebrar sua janela
Para nascer
Poeta.
João Aranha
21/10/2015